Vovô no volante!

“Então se alegraram com a bonança; e, assim, os levou ao desejado porto” Salmo 107:30

Apesar de viajar muito, não sou muito fã de pegar estrada. Não sei, exatamente, o motivo, mas o medo toma conta de mim e os pensamentos ruins são inevitáveis. Desde pequena sou assim, porém, em um motorista eu confiava: meu avô. Para mim, se ele estivesse no volante, tudo ficaria bem. Nada era perigoso para ele, tudo ele conseguiria resolver e sempre iria dar certo no final. Mesmo em meio a tempestades, ele seguia firme e calmo, algo que eu admirava, plenamente. Certa vez, voltando para Itapeva, pegamos uma tempestade na estrada e eu só sabia chorar. Eu implorava para que ele parasse o carro, por medo, mas ele dizia: em uma tempestade, você nunca deve parar, mas sim continuar, devagarzinho, até passar.

Agora, com 18 anos, ainda tenho medo de estradas, porém, meu motorista não está mais aqui para me levar, me ajudar a enfrentar tempestades e me confortar de que tudo ficará bem. Tenho que seguir sozinha, aprender a superar medos, temporais e, também, aproveitar os dias de sol e as belas paisagens.

Me entristece saber que ele não estará aqui para ver que eu cresci, para ver os frutos que colherei nessa estrada que é a vida. Gostaria de orgulhá-lo com as conquistas, pedir ajuda em meio a problemas e dividir com ele histórias sobre os lugares que conheci, assim como ele sempre fez comigo.

Meu motorista tinha muitas histórias, enfrentou muitas estradas e passou por diversos lugares. Tempestades? Enfrentou muitas. Mas sem parar e, sim, continuando sempre, devagarzinho, até voltarem os dias de sol.

Anne Reis

* Fiquei muito emocionada com este texto da Anne. Por mais de 10 anos o vovô Homero a levou e a buscou em diversos lugares. Eles tinham suas conversas intermináveis. Logo que passava janeiro, ela já começava a sonhar com a próxima festa de aniversário e quem seria a princesa da vez. O vovô a ouvia, pacientemente, e criaram até um termo paras as conversas de aniversário: o “conversário”. Ou, então, quando ela já estava mais crescida, escapavam para comer sushi, logo depois das aulas. Lembranças e legados que chegam e nos emocionam. Graças a Deus pelo exemplo que ele deixou para a neta primogênita! O vovô faz falta! Muita falta! 

Zelene Reis

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