Te encontro nos meus sonhos…

“Uma vida não basta ser vivida. Ela precisa ser sonhada” (Mario Quintana)

Hoje é meu aniversário. Vou quebrar a tradição e contar o que irei desejar quando assoprar as 42 velinhas: meu desejo é sonhar.

Eu costumo sonhar muito. Quase todas as noites. E sempre me lembro dos meus sonhos, sejam eles bons ou ruins. Também, sempre fui de sonhar acordada: na infância, sonhava com princesas e castelos; na adolescência sonhei com meu príncipe encantado e, talvez por isso, encontrei alguns “sapos” na juventude. Hoje, com sonhos concretizados e outros se realizando, as projeções, perspectivas, fantasias e aspirações ganham ares de maturidade e “pé no chão”.

Desde que o papai se foi, eu tenho sonhado muito com ele. São sonhos muito bons: algumas vezes ele está mais jovem (com barba e cabelos pretos); outras ele vem com cara de “papai Noel”, como ele era nos seus últimos anos. É muito bom sonhar com ele. Sempre acordo feliz. Não sei o que esses sonhos significam. Deixo para os psicólogos e estudiosos do assunto tentarem encontrar uma explicação. Mas, imagino que Deus tenha nos dado esse dispositivo para tranquilizar nossa saudade e consolar nosso coração.

Papai foi um sonhador. Desses que sonham acordados. Muitos dos seus sonhos se realizaram, outros não. Mas independentemente da realização, ele não parava de sonhar. Papai era a pessoa mais esperançosa que conheci e sempre tinha um projeto em vista. Nos seus últimos anos, seu sonho era levar para Teresina uma escola confessional. A pandemia impediu a sua realização, mas, quem sabe, a semente plantada irá florescer a seu tempo, por mãos de outros que partilhavam desse mesmo desejo.

Papai apoiava nossos sonhos e sempre fazia tudo ao seu alcance para que eles se realizassem. E foi esse seu jeito de ver a vida que nos ensinou a nunca desistir, a levantar a cada queda, a persistir nas situações adversas. Passamos por alguns “pesadelos” na vida. Muitos teriam sucumbido diante de circunstâncias tão difíceis. Mas, papai não. Sua força e sua fé fizeram com que ele trabalhasse, sonhando até o fim. E fé não é isso? O autor de Hebreus diz que “fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem” (Hb 11:1). Ter fé é sonhar…

Um primo muito querido disse uma frase linda: “Homero não morreu, ele se encantou”. Empresto suas palavras, pois é exatamente assim que imagino o papai… tanto sonhou, que se encantou! E, assim, foi sua vida de dedicação aos seus sonhos e aos dos outros. Quantos sonhos ele ajudou a realizar com seus próprios recursos… E no final da sua vida, seu engajamento junto à ONG Child Fund (https://www.childfundbrasil.org.br) contribuiu para a realização dos sonhos de crianças pobres dos interiores remotos do Piauí. Uma vida de fé e serviço. Uma vida de sonhos e realizações.

Então, papai, até estarmos juntos novamente, e se Deus permitir, te encontro nos meus sonhos…

Nathalie Reis

09/06/2021

Foto: Mari Cüry

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