Bendito aconchego!

“Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?”  Mc. 4:41

Algum tempo atrás, antes da pandemia, quando nossos dias fluíam normalmente, caiu uma tempestade em nossa cidade, daquelas de fazer gente grande tremer. Meu marido estava no apartamento de amigos, desenvolvendo alguns projetos (sonhos que ficaram no papel) e, lá do alto do prédio, depois ele me contou, o vento era assustador. O filho de 5 anos do casal, com medo, andava de um lado para outro, desassossegado. O pai, então, percebendo a situação, perguntou ao filho: “está com medo, rapaz?” E ele só acenou a cabeça, dizendo que sim. Então o pai falou:  “pois venha aqui no meu colo, por que ficar assim nesse desespero? Senta aqui comigo!” Na mesma hora o menino foi para o colo do pai e se aquietou.

Nosso amigo não podia acalmar a tempestade e nem mandar o vento se aquietar, mas ele podia confortar um pequeno coração amedrontado. Isso me fez lembrar de outra tempestade, centenas de anos atrás. Numa pequena embarcação, pescadores acostumados com as intempéries estavam apavorados, mesmo com Cristo no barco. Mesmo com a solução diante deles, eles temeram e tremeram. Então, Cristo ordenou e o mar se aquietou.

Minha família enfrentou muitas perdas nos últimos anos, verdadeiros ventos contrários, mas sempre agradecíamos porque estávamos saudáveis, vivos e unidos. Meu marido, sempre otimista, nunca se desesperou e nós ficávamos mais tranquilos vendo a sua fé e coragem. Alguém muito querido me disse que Deus estava nos preparando, durante estes anos, para uma perda maior, uma grande tempestade que fez nosso pequeno barco balançar e quase sucumbir.

Mas foi nessa tempestade, sem o apoio de quem me acalmava, que aprendi a correr para o colo do Pai para que Ele me aquietasse. Aprendi, na prática, que nada neste mundo nos separa do amor de Deus. Nem a vida, nem a morte e nem o sofrimento podem nos privar de sentir o conforto e o bálsamo da cura do medo, da dor e da ansiedade. Basta clamar! Ele não nos desampara.

Meu barco ainda continua balançando. Alguns dias consigo navegar em águas calmas, mas em outros, chegam lembranças e surpresas inesperadas que me fazem pensar: “é só mais um dia difícil! Vai passar!” Não podemos acalmar a tempestade, mas podemos acalmar o nosso coração, quando no meio dela, buscarmos segurança naquele que até os ventos e o mar lhe obedecem.

Zelene Reis

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