Esqueceram-se de mim

“Três dias depois, O acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os.” Lucas 2.46

Quando morávamos em Teresina, frequentávamos uma igreja, literalmente, sem paredes. O ambiente era tão informal que, após os cultos, depois que os diáconos recolhiam as cadeiras, o espaço virava área de lazer para as crianças. Ainda estávamos cantando o “Amém” e elas já ficavam alertas, prestes a sair correndo. E era uma luta para as mães conseguirem chamar seus filhos para voltar para casa. Era até engraçado ver as crianças driblando as mães e sumindo nas folhagens, atrás dos amigos.

Em um desses preciosos domingos, esperamos pacientemente meu neto brincar, mas a brincadeira estava tão boa que eu e minha filha fomos comprar uma pizza para levar para o jantar e deixamos o vovô encarregado de levá-lo para casa.

Adivinhe! O vovô esqueceu o neto na igreja e só lembrou quando chegou em casa. Nós ainda estávamos esperando a pizza quando ele ligou, apavorado, perguntando se ele estava conosco e, claro, não estava. Saímos correndo da pizzaria e voltamos para a igreja. E lá estava ele, sendo cuidado por alguns irmãos que estavam tentando nos ligar para avisar que ele estava sozinho, nos esperando. Mas tudo deu certo e, como nossa igreja sempre foi uma grande família, ele se sentiu em casa e nem ficou preocupado, pois sabia que estava protegido pelos irmãos.

Depois deste acontecimento, fiquei pensando na aflição de Maria, mãe de Jesus, quando voltava para casa, depois das festas em Jerusalém (Lucas 2: 42-51). Pensando que Jesus estava com os familiares, estava tranquila, mas depois, como não o encontrava, o jeito foi voltar para Jerusalém. Só o encontrou 3 dias depois, no templo, discutindo com os doutores da lei. Quantos pensamentos devem ter se passado pela sua cabeça. Quem já perdeu um filho na praia, no supermercado, ou em qualquer outro lugar, sabe o que é desespero. Minutos parecem horas! Maria era mãe do Filho de Deus e sabia disso. Sabia que ele não se perderia pelo caminho, mas, mesmo assim, ficou preocupada. No sermão daquele domingo o pastor tinha falado exatamente sobre isso: “Jesus teve uma infância como qualquer outro bebê. Sujou a fralda, teve cólicas, teve fome, teve sede”. E teve o amor de uma mãe, que cuidou e se preocupou com o filho e que, anos depois, viu seu sofrimento na cruz e, impotente, só pôde chorar e sofrer com ele.

Não existe dor pior do que perder alguém da família. Temos vivido essa tristeza pois, há poucos meses, Deus levou o vovô para casa. E o nosso consolo é que ele foi feliz porque, há muito tempo, Jesus já o tinha encontrado e o salvado. Foi só uma mudança de endereço prematura, que não esperávamos e nos deixou com uma dor imensa.

Maria, em sua viagem, procurou Jesus, adolescente, por três dias. Jesus, um jovem adulto, com sua morte, após três dias, ressurgiu e resgatou, não só Maria, mas a todos nós que estávamos irremediavelmente perdidos e nos garantiu a vida eterna ao lado do Pai. Que esta verdade nos console e nos encha de esperança!

Zelene Reis

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