Mantendo o foco

“…E Pedro, descendo do barco, andou por sobre as águas e foi ter com Jesus. Reparando, porém, na força do vento teve medo; e, começando a submergir, gritou: Salva-me, Senhor!” Mateus 14:29 e 30

Conversando com um amigo estes dias, falando sobre como tenho seguido a vida, o que tem me motivado e o que me alegra fazer, eu disse que uma das coisas que me faz bem é tocar piano na igreja, embora as vezes seja difícil controlar a emoção. O Homero amava os hinos. Gostava de palpitar nos andamentos e sempre achava que era ele quem estava certo. Ele estudou piano por pouco tempo na infância e conhecia um pouco das notas, e sabia contar os tempos na pauta. Por isso, algumas vezes ele me questionava por achar que eu estava tocando no andamento errado e, claro, acabávamos discutindo por causa de ritmos, pausas e fermatas. Coisas que só um casal que amava música e estava há 43 anos juntos achava tempo e motivo para criar confusão.

Mas, fora isso, eu conhecia sua preferência musical e o quanto se empolgava cantando o baixo das músicas. Nos corais que participávamos juntos, ele sempre me “ajudava” a ensinar os outros coristas, porque na verdade tinha muita facilidade em aprender a voz dele e dos outros. Mas o seu vozeirão sempre me atrapalhava e era engraçado ele ensinando os outros baixos e tenores e me olhando pra ver se ia levar bronca. Ele amava música. Até no banho ele deixava o celular tocando bem alto e penso que o prédio inteiro ouvia. Esta é uma das lembranças que me doem demais. Ultimamente seu hino preferido era “Que segurança tenho em Jesus”, na voz de Alan Jackson (que ainda não consigo ouvir).

Ao chegar em Itapeva-SP, recebi a visita do pastor e sua esposa. A minha pretensão era chegar silenciosamente, sentar no banco da igreja depois que passasse a pandemia e assistir aos cultos tranquilamente. Mas, alguém, antes da minha chegada contou ao pastor que eu sabia tocar e era organista na igreja da minha antiga cidade. Então, a visita e o convite chegaram juntos. Achei que não estava preparada para fazer algo que mexeria imensamente com as minhas emoções mas, depois de umas três tentativas, fui a igreja com meu filho conhecer o piano. Antes de tocar eu tremia por dentro e por fora. Mas, quando abri o hinário e toquei as primeiras notas, a música fluiu e eu senti o quanto ela estava me fazendo falta.  A tremedeira foi acalmando e eu percebi que talvez desse conta. Só iria sentir falta de ter ao meu lado meu “metrônomo humano” para marcar o ritmo da música.

Ao ser questionada por meu amigo o que eu faço quando estou tocando e a emoção me domina, eu falei que mantenho o foco na partitura. Não penso na melodia e nem na letra, apenas olho as notas e, assim, consigo terminar a música. Preciso me desligar do que está acontecendo ao redor para não desmoronar. Ao decidirmos, em família, “voltar para casa”, pensei em chegar aqui em silêncio, mas cheguei fazendo música. Achei que tinha fechado um ciclo na vida, mas Deus abriu outro. E quando pensei que tinha perdido o foco, Deus colocou uma partitura na minha frente, que me indica o ritmo, o tempo, as pausas e a beleza que a vida ainda tem para me mostrar. Que jamais eu desvie os olhos d’Aquele que está dirigindo meus passos e me mostrando um caminho sobremodo excelente, de esperança, restauração e recomeço! Que segurança tenho em Jesus! Canta a minh’alma, canta ao Senhor, as maravilhas do Seu amor!

Zelene Reis

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