Mesmo na Tempestade

“…e será um abrigo e sombra para o calor do dia, refúgio e esconderijo contra a tempestade e a chuva.”  Isaías 4:6

 Há alguns anos, morando ainda em Teresina, vim passar com minha família o Natal e Ano Novo no interior de São Paulo. Aproveitamos os dias de descanso para visitar nossa família que reside no Paraná. Então, atravessamos muitas cidades paulistas e paranaenses, com o tempo sempre brusco, ameaçando chuva o caminho todo. A ida foi tranquila. O dia foi lindo, de reencontros, de muita conversa e muita comida gostosa. Mas a volta um foi um caos.

Pegamos tempestades o caminho todo. Saíamos de uma para cair em outra. E, então, apareceram as temidas pontes. Várias e intermináveis. Lindas durante o dia, com o sol refletido na água, mas, agora, com o céu desabando e a água subindo, com raios e trovões, eram assustadoras. Não enxergávamos quase nada à frente, mas, graças a habilidade e tranquilidade do Homero e a experiência de tantos anos enfrentando as estradas, conhecedor de que em uma tempestade o melhor é seguir em frente, continuamos a viagem. Devagar, mas sem parar. Curiosamente, a mesma atitude com que ele enfrentou as turbulências da vida. E foram muitas.

Hoje, nas conversas com um profissional que tem me dado assistência, o lema da minha trajetória tem sido esse: “Devagar, mas sem parar”. Sempre fui proativa. Me envolvia em várias atividades ao mesmo tempo, em compromissos com a igreja e a família e até o que não era da minha conta eu acabava assumindo. Quando chegou a pandemia foi um choque. De repente, me vi em casa, sem poder sair, apavorada com o vírus, mas sem imaginar que ele chegaria tão perto. E, então, a turbulência e a tempestade vieram com força total.

Um ano e quatro meses após os tristes eventos que mudaram a história da minha família, aos poucos, o caminho à frente tem sido aberto e o sol tem aparecido pelas frestas das nuvens escuras. Já posso respirar, falar com leveza sobre as lembranças que tanto me faziam chorar no início. Pude fazer uma despedida linda, alguns meses atrás, das cinzas que aguardavam o momento certo de irem embora. Graças a Deus, à família, aos amigos e irmãos em Cristo, minha vida continua seguindo. Algumas vezes, as forças esmaecem, mas, assim como na viagem turbulenta que fizemos anos atrás, continuo atravessando as pontes, as tempestades e os dias nublados, devagar, mas sem parar.

Continuo firme, agradecida e aliviada por saber que não só nas tempestades literais, mas nas tempestades da vida, às vezes, tão demoradas para passar, Deus está comigo. Ele tem sido meu leme, minha direção, meu farol meu guia e minha proteção. Naquela “saudosa” tempestade, eu me lembrei desse lindo cântico, “A Sós Não Andareis” e, hoje, creio firmemente que um dia a chuva vai passar e as aves voltarão a cantar, então posso ficar tranquila, porque nunca vou andar só.

 

Devagar, mas sem parar, Deus comigo sempre há de estar!

Zelene Reis

A Sós Não Andareis

Mesmo na tempestade podeis andar, sem ter medo da escuridão.

Quando a chuva cessar, haverá um céu, onde as aves cantando, estarão.

Andai pelo vento, andai pela chuva, pois logo vem o sol.

Andai com Deus no vosso coração, e a sós não andareis, a sós não andareis.

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