O luto e a aranha

Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas. Eis que farei uma coisa nova, e, agora, sairá à luz; porventura, não a sabereis? Eis que porei um caminho no deserto e rios, no ermo. Isaías 43:18,19

Nossa vida pode mudar de uma hora para outra. Estamos tranquilos, vivendo nossa rotina e,  muitas vezes, reclamando dela, pois estamos entediados, cansados da mesmice, de estar em casa, do isolamento, do mesmo assunto no jornal, e então, de repente, tudo muda e só o que queremos é a velha rotina que nunca mais vai voltar, pois do que realmente temos saudade é de quem a compartilhava conosco, e daríamos  tudo para voltar a vivê-la novamente.

Nestes dias vazios, descoloridos e desfocados tenho observado uma aranha no canteiro do jardim da minha mãe. Pacientemente, ela tece sua teia que cresce supreendentemente e alcança folhas dos outros arbustos e vai até a grade que protege a casa. Ela trabalha dia e noite e se alimenta dos pobres insetos descuidados que ficam presos em sua armadilha.

Outro dia caiu uma chuva forte, com rajadas de vento e o tempo mudou completamente. Lembrei da canção infantil “A Dona Aranha Subiu Pela Parede” e fui espiá-la no jardim. Demorei pra enxergá-la, mas lá estava ela, encolhida, agarrada ao tronco do arbusto se protegendo debaixo das folhas maiores. Vários fios da teia tinham se rompido, e pendiam balançando ao vento. Fiquei imaginando se ela resistiria ao temporal mas, para minha surpresa, logo de manhã, sem sol e com um frio bem intenso, lá estava a dona aranha reconstruindo a sua teia, já com várias partes recuperadas e com vários insetos presos para sua refeição. Como diz a canção: “Ela é teimosa e desobediente, sobe, sobe, sobe e nunca está contente.”

Não acho a dona aranha desobediente, mas sim, persistente e resiliente. Apesar de cair com a chuva forte, ela não desistiu. Apesar da teia ter quase se desfeito, ela a reconstruiu. Apesar de ficar sem provisões, ela trabalhou para se sustentar, e mesmo sem sol, com as folhas molhadas, ela continuou seu trabalho, pois ainda não está contente, ainda não o terminou.

Faço a analogia com o que estou passando. Veio a tempestade, perdi o rumo e a minha rotina, fiquei com as emoções despedaçadas e sem ânimo para continuar. Como a aranha, estou dando um tempo abrigada e agarrada à sombra do Onipotente sabendo que  a tempestade vai passar e uma nova rotina se fará pois, se eu olhar ao redor, ainda tem muitas teias para reconstruir e, no devido tempo, mesmo com a saudade do passado, mas com a esperança no futuro, o sol vai brilhar e a vida voltará a ter cor. Isso porque não sou movida pelo instinto,  mas sim, pelo Espírito Santo Consolador que se move em mim para me fazer enxergar que a minha vida é uma grande escalada, um projeto em construção, ainda inacabado, e que só será perfeito quando eu estiver diante do meu Perfeito Pai! A Ele toda glória!

Zelene Reis

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