O melhor lugar do mundo

“Na casa do meu Pai há muitas moradas.” João 14.2

O melhor lugar do mundo é aos pés do Salvador
É ali aonde a esperança traz alívio ao sofredor
É ali onde eu me encontro com a fonte do amor
O melhor lugar do mundo é aos pés do Salvador! *

Sempre tive meus lugares preferidos por onde passei. Quando fazia hidroterapia, ficava caminhando na piscina até que meu cantinho favorito desocupasse. Na igreja, o lugar da minha família era cativo. Só faltava a placa nas cadeiras com nossos nomes. Em casa, também, tinha minhas preferências e só percebi o quanto gostava da minha rotina quando minha vida mudou drasticamente.

A famosa expressão “perdido no espaço” fez todo sentido, pois foi como me senti. As provações, às vezes, nos deixam tão perdidos que não só perdemos nosso espaço físico, mas, também, nos perdemos de nós mesmos, temporariamente. Assim, de repente, perdi não só meu lugar na igreja, na piscina, em casa, mas me perdi de mim mesma. É bíblico e verdadeiro que a partir de uma vida a dois o espaço compartilhado funde e se difunde e dois acabam sendo um (Mateus 19.6). As individualidades permanecem, os gostos podem ser diferentes, mas o espaço compartilhado é completamente unido, por isso a perda da nossa metade se torna um vazio que não se preenche.

Estou morando em uma nova cidade, numa velha casa, praticamente, onde nasci e todos os cantos me são familiares. Um oásis onde passava as férias, mas ansiando voltar para o meu lugar. Depois que toda a família ia embora, eu ficava mais um tempo, descansando no silêncio da casa vazia. Os dias voavam e era triste dar adeus à minha mãe, olhando-a acenar da calçada até que o carro sumisse na curva da rua. Era difícil dar adeus aos netinhos e aos filhos que ficavam, pois não se tinha previsão de retorno. Agora, tudo mudou. A bússola não aponta mais para o norte. Lá não existe mais o meu lugar. Não tem ninguém me esperando saudoso e ansioso no aeroporto, carregando todas as minhas malas e me levando apressadamente para casa, onde tudo fazia sentido, e onde ele relaxava sabendo que podia dormir em paz porque a vida tinha voltado ao normal, à rotina. Novamente o espaço que, por pouco tempo, ficou dividido, estava unido novamente.

Agora ele se foi e eu fiquei completamente perdida. O que eram dois em um virou somente um. O que era completo se esvaziou e não se preenche de um dia para o outro. É preciso um esforço descomunal para aceitar que agora caminho só, que preciso me impor metas e tentar me ocupar, para que o imenso espaço vazio não seja preenchido apenas pelo sofrimento. E enquanto procuro um lugar na minha velha casa e em outros lugares que frequento, ouço a canção que me lembra que o melhor lugar do mundo é aos pés do Salvador. Lá é onde encontro alívio e descanso. Meu lugar definitivo não é aqui neste mundo, aqui só estou de passagem. Lá é onde, finalmente, descansarei das minhas lutas e das minhas dores e terei assento permanente à presença de Deus, onde o louvarei por toda a eternidade. Um privilégio que quem ocupava um enorme lugar na minha vida já está desfrutando!

*O cântico do início do texto faz parte da minha playlist e é um dos que mais ouvi nos últimos anos. Além da melodia, a letra também é linda e hoje faz todo sentido, pois é justamente onde eu me encontro, pedindo alívio, aos pés do Salvador.

Zelene Reis

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