Pouso seguro

“Mas eu cantarei louvores à tua força, de manhã louvarei a tua fidelidade; pois tu és o meu alto refúgio, abrigo seguro nos tempos difíceis.” Salmos 59:16

Estou em São Paulo, capital, passando alguns dias com minhas filhas e meu neto e uma delas viajou para outra cidade à trabalho. Algumas horas depois, veio a mensagem: “Pousei”. Ao mesmo tempo, meu filho, que é piloto agrícola e está trabalhando em outro estado, mandou a mensagem: “Pousei também”. Mais uma viagem e uma manhã de trabalho concluída, na segurança do Senhor.

Há alguns anos, passamos o feriado de carnaval em um hotel bem tranquilo, no sul do Piauí, enquanto meu filho trabalhava nas lavouras da região. Aproveitamos para ficar juntos e o pai, claro, saia de madrugadinha para acompanhar o filho no trabalho. Numa dessas manhãs, ele estava acompanhando, com o olhar, o pouso, mas, de repente, o avião deu pane e despencou. Todas as vezes que o ouvíamos contar a história, ela era acompanhada pelo choro e por tudo o que ele sentiu no momento da queda, quando, desesperado, pegou a camionete e dirigiu a toda velocidade até onde o avião tinha caído, já esperando o pior. Mas, milagrosamente, do meio da poeira e fumaça, surgiu nosso piloto, vivo, inteiro, apenas com a marca do cinto de segurança no peito. E no chão, um avião completamente destroçado.

Deus nos deu muitos livramentos, tantos que, de certa forma, nos sentimos inatingíveis. Parecia que nada de mal nos aconteceria. Sempre acabávamos em segurança. Às vezes, era a sombra de uma doença que parecia ser grave, mas depois se revelava curável, e agradecíamos.  Aconteceram outras quedas e alguns acidentes que só deixaram prejuízos materiais. A vida estava ali, inteira. E agradecíamos, pois víamos tantos sofrimentos ao redor, mas nos sentíamos protegidos, porque Deus nos olhava e cuidava de cada detalhe, em todo o tempo, em toda a causa, fosse ela física, material ou espiritual.

Então veio a pandemia. A princípio não acreditávamos que ela iria chegar com força, arrasando vidas como um tsunami, sem pena, sem dó, sem escolha de nome ou sobrenome, ignorando pobres e ricos, cristãos ou ateus. E ela nos pegou desprevenidos e, num voo rasante, levou um dos nossos queridos para a casa do Senhor. E agora? Onde estava a segurança que sempre sentimos? Onde estava a proteção? Como viveríamos abalados e com medo daqui para a frente? Percebemos, então, que não somos inatingíveis. Mas Deus, do Seu alto e sublime trono, nos deu a lição de que os Seus desígnios são os melhores. Convinha a Ele chamar um filho para casa, curar outros, consolar e mostrar que a dependência e a gratidão não dependem de bons dias e livramentos. Elas são provadas, também, pelo fogo e pelas cinzas, literalmente.

Assim, hoje agradeço pelas aterrissagens seguras e pelo voo que levou alguém para longe de nós. Em tudo, seja bendito o nome do Senhor. Em tudo, apesar da dor, somos gratos. Pelos pousos tranquilos e pelas quedas, pela cura e pela morte. Em tudo Deus é soberano. Creio, firmemente, que o Homero fez um pouso suave ao lado do Senhor e hoje ele não precisa mais ficar com o coração apertado cada vez que um filho levanta voo. Tudo ficou para trás e, um dia, nós, também, descansaremos dos medos, das angústias, das tristezas e agonias, porque, quando levantarmos voo deste mundo, pousaremos nos campos do Senhor, com Ele nos esperando para dar início a uma incrível jornada eterna. Que assim seja!

Zelene Reis

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